Para Refletir





Para refletir

Assuntos para pensar, discutir e agir.

Leiam, opinem, divulguem.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Água - fonte da vida e da discórdia

Água – fonte da vida e da discórdia
Esse ano foram realizadas 3 reuniões para se discutir a questão da nossa água. Foi comprovado a existência de coliformes fecais, tornando a água que chega nas casas imprópria para consumo. Num lugar onde a maioria dos moradores sempre bebeu água direto da torneira, sem filtro nem nada. A captação da água é feita no mesmo córrego onde todos se banham. E a captação é feita bem em baixo, próximo à vila, e as cachoeiras mais no alto, ou seja, todo o lixo e resíduo vem parar na captação.

Na primeira reunião foi discutido a construção de uma porteira, proibindo o acesso de carros e motos de turistas ao local, com o intuito de diminuir o fluxo turístico desordenado. Com essa porteira, seria mais fácil executar ações de conscientização, além de possibilitar aos guias um trabalho (foi realizado aqui na vila esse ano um curso de formação de guias/condutores turísticos). Foram vistos pessoas lavando cachorro na cachoeira, fazendo churrasco numa área que é proibido acender fogo, e sem contar outras que vem tomar banho trazendo shampoos e sabonetes. Alguns moradores discordam dessa idéia, e não compreendem que a porteira não vai proibir ninguém, principalmente os moradores, de ir tomar banho de cachoeira, e sim restringir o fluxo turístico. Foi proposto também o tratamento de água da Cesan, ou captação em outros locais. Muitos moradores estavam presentes nessa reunião, e todos tiveram direito à fala, embora poucos reclamaram que não puderam falar, mas não lhes faltou oportunidade. Percebemos também um grande preconceito: moradores antigos se consideram os “daqui”, nativos (embora todos eles um dia vieram de outro lugar), enquanto os outros são os “de fora”, ou “hippies”. Dessa primeira reunião foi escolhido uma comissão, que na semana seguinte se reuniu na prefeitura para levar ao prefeito do município as questões discutidas entre os moradores.

Na segunda reunião estavam presentes o prefeito e outras autoridades locais, polícia ambiental, a presidente do Consórcio Caparaó e grande parte dos moradores. Foi retomada toda a discussão sobre a captação da água, e o prefeito disse ter verbas para adequação, basta agora tomar uma decisão sobre o que se fazer: captar em outro córrego? Tramento de água pela Cesan? E que tal poços artesianos? Mas um ponto importante que não foi discutido embora apontado é o tratamento de esgoto. Nós somos a primeira comunidade que se beneficia com água que deveria ser limpa e pura, direta da fonte. A água já chega até nós poluída e imprópria para consumo pois as pessoas não estão sabendo como se comportar nessa área. E já saem das casas totalmente poluídas, pois todo o esgoto vai para o rio. Antes de se tratar de limpar a água, precisamos pensar no tratamento de esgoto, construção de focas, ou o que for. Hoje temos tantas possibilidades como banheiros secos e formas alternativas de tratamento de água. O município que é o menor do Espírito Santo e possui a menor taxa de IDH poderia virar modelo para o Brasil e até para outros países adotando sistemas alternativos para a solução desses problemas. O problema aqui não é a falta de verba, até porque o MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário) possui um programa para o território do Caparaó, o problema é a vontade de se fazer. Enquanto alguns discutem se querem ou não pagar água da Cesan, não se questiona a forma que essa água sai das casas e vai para o rio. Se ao menos as cachoeiras banhadas por esse rio fossem limpas, poderíamos diminuir o fluxo turístico das cachoeiras do alto da montanha para as outras cachoeiras, permanecendo assim uma água mais limpa desde a nascente, incluindo para a captação. E depois de muita discussão, um morador, de ânimo bem exaltado, ameaçou de botar fogo caso fosse construída uma porteira. Coincidência, no dia seguinte, um fogo criminoso devastou parte de uma área ao lado da cachoeira, área que estava se recuperando naturalmente e que servia de pasto. E quem apagou o fogo foram os moradores, juntos com um agente da brigada de incêndios morador da vila, que orientou sobre o aceiro e outras coisas mais. Quando o ICMBio chegou ao local, o fogo já tinha sido totalmente apagado, mas foi certificado que foi criminoso. Muita coincidência. Já tínhamos visto outros tipos de retaliações por aqui, mas nenhuma se comparou à essa.



O fogo se alastrou rapidamente.

No dia seguinte.



Enfim, nenhuma decisão foi tomada, nenhuma outra reunião marcada, e o que será de nossa água? Só o tempo responderá.



3 comentários:

  1. Realmente uma tristeza. Uma comunidade que tem o bem mais precioso do planeta não consegue chegar a um acordo para proteger sua agua! A agua potável vem diminuindo em ritmo alarmante no restante do mundo. Não sou "nativa" mas sou Brasileira e não entendo porque as pessoas não conseguem se unir para proteger um bem comum.
    Já que existe verba, porque não contratam uma consultoria especiliazada que possa trazer uma solução para todos? Depois de poluido ficará muito mais dificil de consertar.

    ResponderExcluir
  2. companheiros ja feios todos documentos para o pedido de outroga entramos com protocolo no dia 22/02/2011,sob o nº 52528367, os materiais ja estao comprados so que precisamos da licença do IEMA, sobre os recursos do MDA nosso municipio esta inserido no projeto "aguas limpas do caparao" a outra coisa companheiros sobre o barranco ja esta sendo providenciado um PRAD para a area degradada. entao companheiros vcs pode ter serteza que nos do poder publico estamos fazendo de tudo para que patrimono da penha seje o melhor lugar do mundo.

    ResponderExcluir
  3. Mathusalém Netto;

    Lembrando que a maioria das casas do Patrimônio da Penha usam "fossa negra", incluindo os moradores do portal que se dizem ecologistas, pelo pouco que entendo disso me parece um problema muito grave, uma pena que todas as construções continuam adotando esse fossa.

    ResponderExcluir

Sua contribuição é muito importante para nós!